"Na casa de meu Pai há muitas moradas." Jesus
A vida no mundo espiritual não é um mistério impenetrável. Através da mediunidade e do estudo sério, a Doutrina Espírita nos convida a vislumbrar, com clareza e sobriedade, a realidade que nos aguarda após a morte do corpo físico. Longe de ser um estado nebuloso ou de inércia, a vida espiritual é intensa, dinâmica e profundamente conectada às nossas ações, pensamentos e sentimentos cultivados enquanto encarnados.
Atualmente muitos espiritas estão questionando o trabalho magnifico de Andre Luiz através de Chico, assim, esse nosso despretensioso texto é apenas uma reflexão sobre a vida após a vida.
Morrer não é o fim. É apenas um retorno.
Quando deixamos o corpo físico, como quem abandona uma veste gasta, despertamos no plano espiritual conforme nossa vibração interior, resultado direto do nosso modo de viver. A consciência permanece lúcida, e carregamos conosco tudo o que somos: nossas virtudes, vícios, conhecimentos, afetos e arrependimentos. A vida continua, com todas as consequências do que semeamos na Terra.
O Espírito liberto reencontra velhos afetos, familiares desencarnados antes de nós, amigos de jornada. Mas também poderá encontrar desafetos, consciências com as quais mantém débitos e lições inacabadas. O reencontro é sempre justo, não como punição, mas como oportunidade de reconciliação e crescimento.
Há inúmeras esferas de vida no plano espiritual, como nos revelou André Luiz em suas obras por intermédio da mediunidade de Chico Xavier. Desde regiões inferiores, marcadas por sofrimento, ignorância e densidade mental, até colônias de luz, onde Espíritos trabalham no bem, estudam, oram, se regeneram e se preparam para novas reencarnações.
A colônia espiritual Nosso Lar, descrita com riqueza de detalhes, é um exemplo de organização espiritual voltada ao acolhimento e à reeducação de Espíritos recém-libertos da carne. Ali há hospitais, escolas, ministérios, templos de oração, centros de estudo e equipes dedicadas ao auxílio de encarnados e desencarnados em sofrimento. Tudo vibra em função do progresso moral, intelectual e espiritual.
O trabalho na espiritualidade é uma lei. Ninguém permanece ocioso. Cada um colabora conforme suas possibilidades, seja consolando encarnados, preparando reencarnações, amparando em hospitais do além ou estudando para melhor servir. O tempo no plano espiritual é valorizado, e o serviço no bem é fonte de alegria e paz.
Mas há também regiões sombrias — zonas de sofrimento e perturbação, onde permanecem Espíritos desequilibrados, ainda presos às paixões terrenas, ao ódio, à culpa, à ignorância espiritual. Nestes locais, o tempo parece arrastar-se em tormento interior. No entanto, a misericórdia divina nunca cessa: equipes espirituais constantemente descem para resgatar os que já apresentam um mínimo de arrependimento ou desejo de renovação.
A beleza da vida espiritual está justamente em sua justiça serena e misericordiosa. Não há castigos eternos, nem prêmios arbitrários. Cada Espírito caminha de acordo com suas escolhas e pode, a qualquer momento, iniciar sua renovação. O arrependimento sincero, a prece fervorosa, o desejo de aprender e servir são os primeiros passos para a ascensão espiritual.
Ali, compreendemos com mais profundidade o Evangelho de Jesus, não como letra morta, mas como roteiro de ascensão espiritual. Percebemos que a verdadeira felicidade não está nos bens materiais ou nas glórias do mundo, mas na paz da consciência tranquila, no coração que ama sem esperar, no espírito que serve com humildade.
Na espiritualidade, a caridade é a luz mais preciosa, e a humildade, a chave que abre as portas superiores. O orgulho, o egoísmo, o apego, tornam-se sombras difíceis de suportar para o Espírito que se vê face a face com sua própria verdade.
A vida espiritual não é abstrata. Ela é concreta, com ambientes, relações, atividades e aprendizados. Mas tudo ali vibra em outra frequência, mais sutil e mais elevada, acessível à medida que nos purificamos interiormente.
E quando o Espírito alcança certa elevação, compreende que a reencarnação é bênção. Voltar à Terra ou a outros mundos não é castigo, mas oportunidade sagrada de reparar, aprender e evoluir. É o retorno à escola da vida física para amadurecer sentimentos e virtudes ainda em germinação.
A morte, enfim, é só uma porta. A vida real é a do Espírito.
E o Espiritismo, com sua luz racional e consoladora, nos ensina a viver hoje — aqui e agora — de modo mais consciente, para que o amanhã espiritual seja sereno e repleto de esperança. O Céu e o Inferno, como ensinou Kardec, não são lugares fixos, mas um estado de alma, assim sendo é em nós que construímos, dia a dia, a paz ou o sofrimento que nos acompanhará além da morte.
"Na casa de meu Pai há muitas moradas." (João 14:2) Essa frase é profundamente significativa e harmoniza-se perfeitamente com a descrição das diferentes esferas espirituais mencionadas no texto — das zonas inferiores às colônias de luz, como Nosso Lar. Ela confirma, com a autoridade moral do Cristo, a multiplicidade de estados e planos espirituais que aguardam o Espírito conforme sua evolução. Além disso, essa frase foi amplamente comentada por Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, reforçando sua importância doutrinária.
Portanto, que possamos aproveitar a oportunidade bendita da encarnação, fazer do amor a nossa meta, e da caridade o nosso caminho. Pois aquele que ama verdadeiramente já habita, em essência, os planos mais luminosos da espiritualidade.
Jesus é e sempre será o caminho a seguir. Procurar viver seus ensinamentos. Sendo assim vamos viver a vida material em toda sua plenitude, pois é uma benção de Deus, mas ter sempre em mente que a verdadeira vida é a outra.
Prof. Wagner Ideali
