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Deus pôs, no fundo do vosso coração, uma sentinela vigilante, que se chama consciência. Ouvi-a, que ela só dará bons conselhos. - Allan Kardec
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O céu - Parte 1

Publicada em: 30/09/2025 19:01 -

 

A palavra céu aplica-se em geral ao espaço indefinido que circunda a terra, e mais particularmente à parte que fica acima de nosso horizonte; vem do latim coelum, formado do grego coïlos, oco, côncavo, porque o céu parece aos olhos uma imensa concavidade. Os antigos acreditavam na existência de vários céus superpostos, compostos de matéria sólida e transparente, formando esferas concêntricas cujo centro era a Terra. Essas esferas girando em torno da Terra arrastavam consigo os astros que se encontravam em seu circuito. Essa ideia, devida à insuficiência dos conhecimentos astronômicos, foi a de todas as teogonias que fizeram dos céus, assim escalonados, os diversos graus da beatitude; o último era a morada da suprema felicidade. Segundo a opinião mais conhecida, havia sete; daí a expressão: Estar no sétimo céu, para exprimir uma bem-aventurança perfeita. Os muçulmanos admitem nove céus, em cada um deles aumenta a felicidade dos crentes.

 

O astrônomo Ptolomeu* contava onze, dos quais o último era chamado Empíreo**, por causa da resplandecente luz que aí reina. Ainda hoje é o nome poético dado ao lugar da glória eterna. A teologia cristã reconhece três céus; o primeiro é o da região do ar e das nuvens; o segundo é o espaço onde se movem os astros; o terceiro além da região dos astros é a morada do Altíssimo, a morada dos eleitos que contemplam Deus frente a frente. É de acordo com esta crença que se diz que São Paulo foi transportado ao terceiro céu.

 

As diferentes doutrinas referentes à morada dos bem-aventurados repousam todas sobre o duplo erro de que a terra é o centro do universo, e que a região dos astros é limitada. É além desse limite imaginário que todas colocaram esse domicílio afortunado e a morada do Onipotente. 

 

A ciência, com a inexorável lógica dos fatos e da observação, levou suas luzes até às profundezas do espaço, e mostrou o vazio de todas essas teorias. A terra não é mais o eixo do universo, mas um dos menores astros rolando na imensidão; o próprio Sol não é mais do que o centro de um turbilhão planetário; as estrelas são inúmeros sóis em torno dos quais circulam mundos incontáveis, separados por distâncias somente acessíveis ao pensamento, embora nos pareçam tocar-se. Neste conjunto, regido por leis eternas onde se revelam a sabedoria e a onipotência do Criador, a Terra aparece apenas como um ponto imperceptível, e um dos menos favorecidos para a habitabilidade. Desde logo se pergunta por que Deus teria feito dela a única sede da vida, e para aí teria relegado suas criaturas prediletas. Tudo, ao contrário, anuncia que a vida está em toda a parte, que a humanidade é infinita como o universo. Revelando-nos, a ciência, mundos semelhantes à Terra, Deus não podia tê-los criado sem objetivo; ele deve tê-los povoado com seres capazes de governá-los.

 

O homem é composto de corpo e de Espírito; o Espírito é o ser principal, o ser de razão, o ser inteligente; o corpo é o envoltório material que o Espírito reveste temporariamente para o cumprimento de sua missão na terra, e a execução do trabalho necessário ao seu avanço. O corpo, gasto, destrói-se, e o Espírito sobrevive à sua destruição. Sem o Espírito, o corpo não é mais do que uma matéria inerte, como um instrumento privado do braço que o faz agir; sem o corpo, o Espírito é tudo: a vida e a inteligência. Deixando o corpo, ele volta ao mundo espiritual de onde saíra para se encarnar. Há portanto o mundo corporal, composto dos Espíritos encarnados, e o mundo espiritual, formado pelos Espíritos desencarnados. Os seres do mundo corporal, devido a seu envoltório material, estão ligados à Terra ou a qualquer outro globo; o mundo espiritual está em toda a parte, à nossa volta e no espaço; nenhum limite lhes é designado. Devido à natureza fluídica de seu envoltório, os seres que o compõem, em vez de se arrastar penosamente pelo chão, vencem as distâncias com a rapidez do pensamento. A morte do corpo é a ruptura dos vínculos que os mantinham cativos.

 

Os Espíritos são criados simples e ignorantes, mas com a aptidão de adquirir tudo e de progredir, em virtude de seu livre-arbítrio. Pelo progresso, eles adquirem novos conhecimentos, novas faculdades, novas percepções, e, por conseguinte, novos prazeres desconhecidos dos Espíritos inferiores; eles vêem, ouvem, sentem e compreendem o que os espíritos atrasados não podem ver, nem ouvir, nem sentir, nem compreender. A felicidade é proporcional ao progresso realizado; de modo que, de dois Espíritos, um pode não ser tão feliz quanto o outro, unicamente porque não está tão avançado intelectual e moralmente, sem que precisem estar cada qual num lugar distinto. Embora estando um ao lado do outro, um pode estar nas trevas, ao passo que tudo é resplandecente à volta do outro, absolutamente como para um cego e alguém, que vê que se dão as mãos: um percebe a luz, a qual não faz nenhuma impressão no seu vizinho. Sendo a felicidade dos Espíritos inerente às qualidades que eles possuem, eles a obtêm em toda parte onde se encontrem, na superfície da Terra, em meio aos encarnados ou no espaço. O mundo espiritual tem esplendores em toda parte, harmonias e sensações que os Espíritos inferiores, ainda submetidos à influência da matéria, nem mesmo entreveem, e que são acessíveis somente aos Espíritos depurados.

 

O progresso, entre os Espíritos, é fruto de seu próprio trabalho; mas, como eles são livres, trabalham em seu próprio avanço com mais ou menos atividade ou negligência, segundo sua vontade; apressam assim ou retardam seu progresso, e em consequência sua felicidade. Enquanto uns avançam rapidamente, outros ficam estagnados por longos séculos nas posições inferiores. São, portanto, os próprios artífices de sua situação, feliz ou infeliz, segundo esta máxima do Cristo: “A cada um segundo suas obras!” Todo Espírito que fica para trás só pode acusar a si mesmo, assim como aquele que avança tem todo o mérito por isso; a felicidade que conquistou tem ainda maior valor para ele. A bem-aventurança suprema é a partilha apenas dos Espíritos perfeitos, ou em outras palavras, dos puros Espíritos. Eles só a atingem depois de terem progredido em inteligência e em moralidade. O progresso intelectual e o progresso moral raramente andam lado a lado; mas o que o Espírito não faz num tempo, ele o faz num outro, de modo que os dois progressos acabam por atingir o mesmo nível. É por essa razão que se veem frequentemente homens inteligentes e instruídos, muito pouco avançados moralmente, e reciprocamente.

 

A encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do Espírito: ao progresso intelectual, pela atividade que ele é obrigado a desenvolver no trabalho; ao progresso moral, pela necessidade que os homens têm uns dos outros. A vida social é a pedra de toque das boas e das más qualidades. A bondade, a maldade, a doçura, a violência, a benevolência, a caridade, o egoísmo, a avareza, o orgulho, a humildade, a sinceridade, a franqueza, a lealdade, a má fé, a hipocrisia, numa palavra, tudo o que constitui o homem de bem ou o homem perverso tem por motor, por objetivo e por estimulante as relações do homem com seus semelhantes; para o homem que vivesse sozinho, não haveria vícios nem virtudes; se, pelo isolamento, ele se preserva do mal, anula o bem.

 

Uma única existência corporal é manifestamente insuficiente para que o Espírito possa adquirir todo o bem que lhe falta e desfazer-se de tudo o que nele é mau. É por isso que Deus, que é soberanamente justo e bom, concede ao Espírito do homem tantas existências quantas forem necessárias para atingir o objetivo, que é a perfeição. Em cada nova existência o Espírito traz o que adquiriu, nas precedentes, em aptidões, em conhecimentos intuitivos, em inteligência e em moralidade. Assim, cada existência é um passo adiante na via do progresso.

 

 

Referências:

O Céu e o Inferno ou a justiça divina segundo o Espiritismo - Primeira parte - Capítulo III - Allan Kardec.

 

 

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