Sabedores de que fomos criados simples e ignorantes, precisamos compreender que caminhamos rumo ao progresso por nossos próprios atos e, principalmente, por nossa própria disposição em avançar mais lentamente ou mais apressadamente. Por isso é necessário, como diria Ermance Dufaux em Mereça Ser Feliz, “assumir a responsabilidade pela nossa vida, deixar de colocar a culpa no mundo pelos nossos erros, saber onde estamos tropeçando e nos empenhar para não cair no mesmo buraco repetidas vezes”.

Importante a frase “não cair no mesmo buraco”, isso porque por certo cairemos nos buracos que se apresentam, inclusive porque todos eles foram por nós mesmos abertos através de nossos comportamentos inadequados. De Lucca em Aqui e Agora nos lembra que somos “espíritos imperfeitos, ainda propensos ao mal, ao egoísmo, ao orgulho, ao predomínio da matéria sobre o espírito, tudo isso mesclado com doses de bondade, empatia…”, portanto o normal será nos ver dentro do buraco, mas que sejam novos, pelo menos.

Lembremo-nos que todo mal realizado é uma dívida contraída, e relembrando Humberto de Campos em Cartas e Crônicas que narra a história de um amigo que suprimiu em 22 anos da quota de 80 que lhe cabia pelos comportamentos inferiores que praticava diariamente e pedia para que o Espírito trouxesse isso aos amigos encarnados lembrando-nos de se tratar de suicido indireto, pois os males eram contra si mesmo. Sobre isso não deixemos de lembrar o que Chico Xavier advertia:

“Suicídio não é só aquele ato terrivelmente solene de autodestruição (…), vivemos como criaturas que se suicidam pouco a pouco, todo dia um suicidiozinho…”

Vejamos então que nossos comportamentos nos prejudicam pouco a pouco e talvez não tenhamos tempo de expiar tudo nessa vida, talvez tenhamos que expiar um pouco na erraticidade e até em outras encarnações, se merecedores formos, pois como nos lembra Emmanuel “o resultado do suicídio não é apenas o resultado íntimo, mas também os desajustes futuros”, logo ingestão de tóxicos poderá nos trazer complicações no aparelho digestivo, doenças relacionadas ao sangue e disfunções endócrinas por exemplo.

Para evitar essas consequências, precisamos mudar a causa hoje, precisamos mudar nossos comportamentos prejudiciais, precisamos parar de cavar buracos onde podemos cair. O convite é para sair da inércia, tendência natural que possuímos de nos manter no estado original, vejamos que o estado é o original, logo tendemos a ficar parados, se assim estamos, mas também tendemos a permanecer em comportamentos negativos, tendemos a continuar cavando nossos buracos. Mas é chegada a hora de impor uma força externa em nossos comportamentos, obrigando uma mudança, seja para iniciar comportamentos positivos, seja para transformar os negativos.

Sempre é bom trazer a questão 642 do Livro dos Espíritos que didaticamente explica que não basta não fazer o mal, mas sim é necessário sair da inércia e começar a praticar o bem, porque todos seremos julgados “por todo o mal que haja resultado de não haver praticado o bem”. É chegada a hora de seguir a orientação do Mestre aos familiares de Lázaro, é hora de tirarmos as pedras que nos fazem tropeçar diretamente para dentro do buraco que cavamos.

Comecemos com singelas mudanças de comportamentos, deixemos o amor tomar conta de nossas atitudes cotidianas, habituemos-nos a abençoar nossos irmãos na carne ou fora dela. Ermance Dufaux, em Laços de Afeto, dirá que “a prática do amor é necessária para que nossa cura aconteça, trata-se de uma construção lenta, feita dia após dia”, retirando pedras, tapando buracos e mudando nossos comportamentos.

Porque Jesus disse “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?(Jo 11: 25-26). Assim, se acreditamos no Mestre e acreditamos que somos capazes, não terá maneira de evitar nosso progresso, sairemos do cenário de desolação em que nos encontramos hoje e resplandeceremos ao lado do Pai amanhã.

Dabiel Baeninger


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